Lápis Lazúli.
Fonte: Gold and Time.

Um informe publicado pela ONG Global Witness denuncia como os talibãs do Afeganistão e outros grupos armados vinculados ao Estado Islâmico controlam as importantes minas de lápis lazúli ao noroeste do país e estariam se beneficiando de enriquecimento ilícito em torno dos U$ 20 milhões anuais.



O Afeganistão possui as maiores reservas mundiais de lápis lazúli e a Organização pede que este mineral entre na lista dos 'minerais de conflito' já que a região onde é extraído o mineral está "totalmente fora de controle governamental", afirmam.

As minas de lápis lazúli na província de Badakhshan, próxima à fronteira de Tadjiquistão, Índia e China eram até poucos anos atrás uma das zonas relativamente mais 'tranquilas' do país. Entretanto, quando os talibãs perderam força iniciou-se uma violenta competição entre os diferentes 'senhores de guerra' locais.

Comerciantes de lápis lazúli em Kabul, Afeganistão.
Fonte: Gold and Time.
Foto: Rahmat Gul
A investigação de Global Witness evidencia também que as minas da região se transformaram em um objetivo estratégico para o autodenominado Estado Islâmico que já se estariam na região, segundo a ONG.

"As minas produzem uma ínfima fração do benefício que deveria repercutir na riqueza do país, contudo, se transformou em moeda de troca causando conflito e instabilidade que poderia ter consequências globais" adverte o responsável do estúdio, Sthepen Carter.

Carter adverte ao governo local e a seus sócios internacionais de que "a menos que se atue com rapidez, estas minas não só representam uma oportunidade perdidas, mas também uma ameaça global para o futuro".

Homem carregando um bloco de lápis lazúli.
Fonte: Gold and Time.
Foto: Philip Poupin.
De fato há algumas iniciativas por parte de alguns países como os Estados Unidos, que tem investido desde 2009 cerca de U$ 500 milhões para impulsionar o setor mineral do Afeganistão. Mas esta quantidade se torna inútil se não contar com um governo local transparente e que combata a corrupção.

Outro país que pode ter a chave para a normalização da situação é a China, cujo há interesse em exercer seu papel de moderadora entre as facções enfrentados no país, como potência regional. Entretanto, esta postura oficial contrasta com a realidade do mercado: o gigante asiático é o principal comprador de lápis lazúli, deste modo, está diretamente financiando o rearmamento dos talibãs e outros grupos armados.

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